Uma “Noite de Fados” recheada de emoções!
No dia 10 de Julho de 2009, o Agrupamento de Escuteiros n.º 697 de Rossio ao Sul do Tejo realizou, mais uma das suas actividades de angariação de fundos. Desta vez, com o objectivo de cumprir uma das etapas do método escutista, o método de projecto, que responsabiliza cada escuteiro pelo auto-financiamento das suas próprias actividades, juntou um grupo de fadistas e guitarristas, que demonstraram bem, porque são reconhecidos nesta área musical e cultural.
Para completar a moldura humana, no Salão da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, amavelmente cedido pelo Senhor Padre Sebastião, compareceu um público fiel a esta tradição popular e solidário com os jovens escuteiros de Rossio ao Sul do Tejo.
Para abrir a noite de fados, ao som da guitarra de Luís Grácio e da viola de Joaquim Ervideira apresentou-se Nuno Pico, que de imediato arrebatou e prendeu o público conseguindo provocar, naturalmente, o aquecimento das vozes, dos muitos “fadistas de chuveiro” presentes!

A seguir e talvez por esta iniciativa se realizar num salão paroquial foi a vez do “baptismo” de Ana Filipa que, apesar de já ter cantado e encantado durante muitos anos, integrando diferentes projectos musicais, como o referiu João Carneiro, o apresentador, fê-lo, pela primeira vez, acompanhada pelos sons melodiosos da guitarra portuguesa.
Em boa hora o fez, pois deixou a certeza em quantos a escutaram, que temos mais uma “voz do fado” na região.

“Jogando” em casa, ou melhor cantando na sua terra, João Guiomar desequilibrou as emoções dos “rossienses”, recordando, a cada momento, pessoas e histórias do passado recente, desta simpática comunidade. O fado é mesmo assim, desde a sua origem, pois o fadista canta o sofrimento, a saudade de tempos passados, a saudade de um amor perdido, a tragédia, a desgraça, a sina e o destino, a dor, o ciúme e o amor, a noite, as sombras, a cidade, as misérias da vida, critica a sociedade... Enfim… provoca variadíssimas emoções!
Que o diga Manuela Pais que de assistente se viu transformada em fadista, a convite de João Guiomar para cantar “O xaile da minha mãe” de Amália Rodrigues.
Conhecendo a maioria das pessoas presentes no salão, João Guiomar até conseguiu, com as suas introduções e narrativas, algumas “invasões de campo”, em sinal de agradecimento, pelas reminiscências do passado provocadas.

Finalmente chegou a vez de Rita Inácio que, com a sua voz doce e melancólica voltou a serenar e a maravilhar o público presente, rendido a este género musical, que já acompanha as tradições do povo português, desde início do século XIX.


A noite terminou com estes quatro magníficos fadistas a interpretarem “O fado mora em Lisboa” deixando uma evidência clara, no pensamento de cada um dos presentes:
A necessidade de continuar a organizar eventos deste género. Já sabemos onde encontrar guitarristas, fadistas, público, vinho apaladado, bom chouriço e um caldo-verde divinal, confeccionado por amigas do “fado cozinhado”: Laurinda, Esperança e Cristina.
Estão de parabéns os escuteiros que em boa hora promoveram esta iniciativa, proposta pelos pais do explorador João Carneiro.
E porque “o escuta é amigo de todos e irmão de todos os outros escutas” importa realçar o comportamento exemplar daqueles escuteiros que, embora trabalhando durante toda a noite, não participarão no Acampamento Regional, apenas quiseram auxiliar os seus irmãos escutas na consecução dos seus objectivos. São estes gestos com sentido, que nos ajudam a crescer! Parabéns!
Uma canhota firme e sentida para todos os que colaboraram na realização e dinamização desta terceira “Noite de Fados” dos escuteiros de Rossio ao Sul do Tejo!
Lobo dos Mourões