Grupo Explorador de Santo António
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"No Trilho do Pinhão"
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Arrumava eu a mochila para mais uma das actividades do Grupo Explorador de Santo António, do Agrupamento n.º 697, de Rossio ao Sul do Tejo, quando dei comigo a falar sozinho:
“-Cortar as férias da Páscoa a meio? Não é uma grande ideia!”
Felizmente nenhum dos quinze exploradores aventureiros, que acompanhei nesta pequena aventura, estava por perto para me ouvir, pois a actividade resultou em cheio e nem as bolhas nos pés, ou os arranhões nos braços fizeram esquecer o suave aroma da natureza e o encanto do canto dos pássaros, numa caminhada, onde foi preciso desbravar caminho, por entre silvas e giestas, com o olhar preso na cor que nos dá vida e amor, por debaixo do azul do céu: a cor verde!
(Verde é a cor da vida com valor!)
Para os escuteiros de Rossio ao Sul do Tejo, o dia 4 de Abril acordou cedo. Ainda o sino da igreja não tinha dobrado as sete badaladas e já os Pioneiros se juntavam no Largo do Coreto, para rumarem à Serra da Gardunha.
Depois, uma hora mais tarde, chegavam os Exploradores. Tinha início uma actividade mistério que, pela primeira vez na história, ficou trancada na arca dos segredos, até ao final do dia.
Pouco mais de meia dúzia de automóveis foram suficientes para levar o equipamento para o local do acampamento e, também, os jovens exploradores até ao Santuário da Senhora do Tojo, no Norte do Concelho de Abrantes.
Durante a viagem, sabendo que regressariam a pé, a preocupação foi emergindo e aumentando, apoderando-se de todas as conversas, pois o caminho parecia não ter fim. Regressar a pé não seria "tarefa mole"!
Na senhora do Tojo, o Chefe Américo ainda os desafiou a regressarem do mesmo modo, mas nenhum dos bravos Exploradores abdicou da aventura. Todos optaram pela caminhada, orientados pela bússola e protegidos pelo Criador daquele ambiente envolvente, harmonioso e acolhedor.
As noções básicas de leitura de uma carta topográfica e de utilização da bússola foram uma constante ao longo do trajecto.
Em alguns locais, os trilhos apertavam e ficavam ocultos engolidos pela vegetação tornando necessário desbravar caminho. As silvas, invejosas, também queriam participar na caminhada e agarravam-se aos jovens escuteiros que, aflitos, lá se iam conseguindo soltar e avançar.
Por incrivel que pareça, passaram por zonas ditas mais esquecidas do nosso concelho, verdejantes e bem conservadas e por outras que já tinham influências da “civilização actual”. Aí encontraram restos de televisões, pilhas, frigoríficos, plásticos, entulho…
Infelizmente, os autores destes crimes não assistiram ao diálogo do grupo sobre a necessidade da preservação ambiental.
A Patrulha Esquilo venceu o raid pois, com a perspicácia dos seus elementos conseguiram acertar nas questões formuladas ao longo da caminhada.
Já o Sol se inclinava para o horizonte quando descobriram as mochilas e tendas num recanto da Abrançalha de Cima, na Quinta da Horta Grande. Finalmente ficavam a saber onde teria lugar o desejado acampamento.
A montagem das tendas e os diferentes jogos efectuados ocuparam o resto da tarde até à hora do jantar.
Foi então que chegou um dos momentos altos do dia, com todos a terem oportunidade de participarem no tratamento de um bezerro que, por não conseguir alimentar-se sozinho, necessita que lhe dêem leite a biberão.
O bezerro não se fez rogado, mas a sua mãe controlou esta movimentação, à distância, mugindo desconfiada.
O sempre aguardado jogo nocturno não tranquilizou os cães de guarda da pequena e simpática povoação. Estes ladraram insistentemente denunciando a presença dos escuteiros, que por isso, não conseguiam encontrar locais para se esconderem.
Na manhã seguinte, depois de tudo arrumado partiram novamente em direcção a Rossio ao Sul do Tejo e, mais uma vez, a alegria voltou às ruas. No campo ficaram as tendas por ainda se encontrarem húmidas da orvalhada da noite. Mais tarde quatro escuteiros regressaram ao local para as desmontarem.
Fica o agradecimento sincero à família Silva que, amavelmente, nos deixou usar e abusar da sua maravilhosa Quinta da Horta Grande, a todos os outros encarregados de educação que apoiaram esta iniciativa, em particular ao pai da Joana que transportou os materiais para o (e do) local do acampamento e à Caminheira Isabel Pereira, que mais uma vez fez esquecer a falta de recursos humanos, nesta missão que é o escutismo.
Todos juntos conseguimos fazer melhor! Bem haja a todos!
Ainda a actividade não tinha terminado e já se projectavam as seguintes. É o que faz utilizarem pilhas recarregáveis!
Mas atenção, não abusem do chefinho que já não pode ir em cantigas... as suas ainda são das antigas!
Uma canhota firme e sentida
Lobo dos Mourões